Thursday, October 21, 2004

Estrebucha Baby – Zizi Possi



Eis um long-play que embalou muitas noites de sonhos juvenis (que frase patética). Eu o ouvia muito. A música que fez maior sucesso do trabalho, “Não me Deixe Mal”, me emociona deveras escutar até hoje, Zizi dengosa recitando o refrão da canção. Tocava em uma novela, que nem recordo mais qual foi nem me foi informada pela internet.

Disco de 1989, eu o comprei em Maio/90, lá está na capa, a caneta. Provavelmente o comprei para presentear-me por aniversário, pois. Zizi está lindamente fotografada em preto e branco, rica e sexymente trajada, vestindo calças negras rendadas acima dos joelhos, com um bolero bordado e uma espécie de saia negra que ela usa apenas na capa (no poster interno há outras fotos bem sensuais e profissionais). A roupa lembra as vestes de um toureiro. Não sei porque descrevo a capa, percebo que sempre gostei dela. Nas fotos da capa, Zizi está em uma pista de corridas de carro. Importante observar que é trabalho de período anterior àquela em que a cantora se consagrou (a fase italiana, como gosto de dizer). Visitei a pouco seu site oficial e, pela simples observação das capas, dá para perceber que “Estrebucha Baby” foi uma espécie de trabalho de virada da carreira, depois dele vieram os elegantérrimos e excelentes “Sobre Todas as Coisas”, “Valsa Brasileira“ e “Per Amore”. Até então Zizi usava um cabelinho ridículo, bem anos 80, as capas mostram muitas cores, saias esvoaçadas, títulos como “De um Rolê”.

Lado A
Não Minto prá Mim (Preta-Jean Garfunkel-Paulo Garfunkel)
Você é (Djavan)
Não me Deixe Mal (Dalto – Cláudio Rabello)
A Vida Corre (D’Exposito-Tito Manlio – Versão:Nelson Motta)
Meu Erro (Herbert Vianna)

Lado B
Estrebucha Baby (Jean Garfunkel – Paulo Garfunkel)
Reconheço (Sílvio Rodrigues - versão: Ronaldo Bastos)
Quem diria (You´ve Changed) (Carey – C. Fischer – versão: Nelson Motta)
Dedicado a Você (Dominguinhos – Nando Cordel)
That´s All I Want From You (F. Rotter – M. Rotha)

Não Minto prá mim – É uma faixa que sempre associei a própria história da Zizi, o pouco que sei dela, mais especificamente sobre seu romance (?) com a Ângela Rôrô, que também é artista cujo trabalho sempre apreciei. A letra é forte, a poesia excelente, o ritmo melódico é ousado, diverso, estranhamente me lembra trilha sonora de cinema (!?!?).

Você é – Mimosa, totalmente djavaniana, é o que se pode contar desta faixa, também foi bastante executada à época nas rádios. Uma das minha preferidas.

Não me deixe mal – Música do meu coração, sou suspeita para comentá-la. Sou totalmente apaixonada por essa canção, desbragadamente romântica, novelesca (tema que foi de novela), e que sei que muitos acham brega. Um dos grandes sucessos populares de Zizi (não foram tantos assim ao longo de sua carreira)

A Vida Corre – Esta é uma interpretação correta para uma bela canção, que a mim soa, em relação as demais, um tanto insossa. Muitos discordaram de minha opinião, infelizmente é meu sentimento sobre esta balada italiana convertida para nossa língua por Nelson Motta.

Meu Erro – Versão sofisticada de um dos primeiros sucessos dos Paralamas dos Sucessos, que me agrada bastante. Nada mais anos 80 que este rock do Herbert Vianna, que Zizi transformou com competência, em um arranjo talentoso e corajoso, que é da própria Zizi .

Estrebucha Baby – Esta faixa segue a mesma linha da outra dos Garfunkel para este disco ("Não minto prá mim"), entretanto acredito que o resultado do primeiro é mais feliz. O refrão é muito bom, mas algo não se encaixa ao longo da canção.

Reconheço – Um esplendor criado por Silvio Rodrigues e magistralmente cantado por Zizi. Ela e a canção encontram-se com uma fluidez impressionante nesta melodia-poema.

Quem diria – É uma versão, tranformou-se (ou não?) em um samba cadenciado, gostoso, a letra é muito boa (Nelson Motta é ótimo em versões!), a interpretação de Zizi é perfeita como sempre, aveludada, sua voz caminha dentro da canção, navega nela, movimenta-se com afinação e balanço .

Dedicado a Você – Canção primorosa em sua simplicidade, de Dominguinhos e Nando Cordel, este último pernambucano do Cabo de Santo Agostinho, amigo de amigos, e pode-se dizer desta interpretação o mesmo que se diz de Zizi em “Quem diria”.

That´s all i want for you – Embora esta canção em inglês não siga o estilo adotado por Zizi no resto do trabalho, até mesmo na interpretação (nela é usado um tom de voz mais grave), aprecio muito essa faixa, em que cantora aparenta tentar imitar a maneira de homenagem outra intérprete. Ficou excelente.

A propósito, Estrebucha Baby ambém é um disco fora de catálogo, e só pode ser encontrado na mesma Cd point, por menos salgados R$ 38,90.

Depois de tudo isso, só me resta indagar: que foi feito de Zizi Poss? Tenho ouvido falar muito mais de sua filha que dela, o que é uma pena... Seu último cd foi de 2001 (Bossa). Quem tiver notícias, manda ver.

Monday, October 11, 2004

Zona de Fronteira - João Bosco



Com esse inicio a série que em breve se tornará uma página anexa ao Maio.

O Zona de Fronteira eu ganhei de meu marido. Isso aí. Como não tenho mais o disco (é, eu perdi, é trágico e simples), estava com umas dúvidas de qual namorado havia ganho (porque sempre fui muito sabidinha com os poucos namorados que tive, e fazia com que eles me dessem discos que eu queria, só fiquei burrinha depois de casada mesmo), mas vendo que o trabalho é de 91, calculo que só pode ter sido dele. Estou aqui emputecida, pois, com o fato de ter percebido, provavelmente com alguns anos de atraso, que perdi o disco, já que não o tenho procurado a anos. O fato 1 , portanto, é que ele, o Zona de Fronteira, não mais está entre meus vinis. Fato 2: deve ter sido roubado. Um vinil que custa R$ 57,90 em uma única loja da internet, na forma de cd, só pode ter sido roubado. Fora de catálogo. Avalie no formato original. Ou não. Vai que acho em algum sebo da vida. Problema é procurar.

Eu amava esse disco. As faixas:

1.Trem Bala
2.Saída de Emergência
3.Ladrão de Fogo
4.Memória da Pele
5.Granito
6.Assim Sem Mais
7.Holofotes
8.Maio, Maio, Maio
9.Misteriosamente
10.Paranóia
11.Sábios Costumam
Mentir
12.Zona de Fronteira

Zona de Fronteira foi feito numa parceira entre João Bosco, Antônio Cícero (irmão da Marina, hoje Marina Lima, a cantora). Assisti ao tempo uma entrevista com o louco Wally sobre o trabalho. Todas as faixas dos três, ou seja, é trabalho tri-autoral (nossa, isso existe?). As melhores:

-“Saída de Emergência” é um delicioso blues cuja malícia a voz brasileiramente rebuscada do João só acentuava. Sem ao menos escutar você mentir pra mim, João, como é que eu faço pra dormir? “Assim sem Mais” vai na mesma linha. Ai, quem roubou meu Zona de Fronteira, Véio Lua?.

-“Memória da Pele” me engolia inteira e depois devolvia toda esbagaçada. Provavelmente quis esse disco por causa dessa música, que tocou bastante nas rádios à época. Talvez tenha sido de alguma novela, não estou certa. É uma canção difícil de definir. Forte, seu título já diz à que veio, poderosa, fala de uma paixão intensa que gravou-se na memória da pele do sujeito, da ‘sujeita’. Um redemoinho, é o que essa música é, igual a dona que deve tê-la inspirado.

-“Maio maio maio”. Impossível não identificar-me com essa música. Sua letra estaria completa no sub-título do Maio, mas ficou feio, muito grande. A melodia casou com a poesia nessa canção como se se derramasse nela. Perfeita.

-“Sábios costumam mentir”. Faixa que obteve relativo sucesso. Um bolero leve, moderno, romântico, altamente competente enfim, dentro de um estilo que o Bosco consagrou entre os anos 80/90 com discos como "Ai Ai Ai de Mim" (1987, que também tenho em vnil e está na lista do Vinis da Sweet) e "Bosco", de 1989, este vendídissimo até onde recordo.

Salvo estas citadas, o disco é muito inteiro, é como realmente um livro de poemas cantado, que você vai lendo página a página, e o sabor é sempre o mesmo e bom. Pena que algumas canções não recordo a melodia e sei que são excelentes. Se alguém puder ajudar, essa pobre agradece indicações de localização ou arquivos de mp3’s das faixas dessa preciosidade.